Explorando o crescimento na fé cristã, baseado em Deuteronómio 8:2-3. Saiba como as provações podem levar a um nível mais profundo de confiança em Deus e a importância da perseverança na jornada espiritual.
“E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus tem te conduzido durante estes quarenta anos no deserto, a fim de te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Sim, ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que nem tu nem teus pais conhecíeis; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor, disso vive o homem.“
Deuteronómio 8:2-3
Quando Deus chamou Moisés para libertar o povo escolhido do cativeiro egípcio, desejou em seu coração criar uma nação que viria adorá-lo de todo coração, independente das circunstâncias boas ou más. Um povo que aprendesse, no caminho da dor, a depender totalmente de Deus, uma nação que conhecesse profundamente quem é Deus. E Deus usou a privação, a aflição para que, pela perseverança, o povo evoluisse seu no seu nível de fé.
O caminho que leva cada vez mais próximo de Deus é, deveras, espinhoso e apertado. Não obstante, pela sua graça, Deus deseja que todos encontrem e trilhem este caminho. O Senhor, na sua infinita graças, vai agindo em todas circunstâncias de modo que, cada vez mais, olhemos somente para Ele e Dele dependamos em tudo. Seu desejo é que cresçamos, nos tornemos varões segundo a sua vontade e atinjamos a estatura de Cristo (Efésios 4:15-16).
A questão é que, na maioria das vezes, levamos uma fé baseada na lógica “estímulo-resposta”, onde o nosso fervor e devoção ou frieza e fracasso estão condicionados às bençãos visíveis e imediatas ou ausência delas. Porém, Deus quer que Seus filhos O conheçam e alcancem outras dimensões de fé: cada vez mais robusta e incondicional.
Em tempos, um crente orou várias vezes e de forma muito intensa e determinada em prol de certas causas, cujas respostas foram contrárias (incluindo doenças e mortes). Ele ficou em profunda crise de fé, duvidando se Deus ouvia e respondia mesmo sua orações. Foi assim que, um belo dia, viajando de táxi, ia à bordo uma senhora com três crianças, das quais um bebê ao colo. No meio da viagem, o menino, de aproximadamente 2 anos, começou a chorar, querendo ser colocado às costas da mãe em pleno táxi em andamento e mesmo com o bebê ao colo. De repente uma voz soou nos ouvidos deste servo de Deus, dizendo: “é assim que as vezes são os teus pedidos diante de Deus. São legítimos como filhos, mas sem enquadramento nos propósitos mais elevados”. Daquele dia sorriu e sentiu que sua fé havia crescido para mais um nível. E que afinal a perseverança só é possível se confiar totalmente em Deus.
A escola da fé tem graduações, tal como na escola académica. Existem experiências espirituais para iniciados, médios, avançados e muito avançados.
Quando Deus nos leva ao nível mais elevado de fé, nossas lutas e nossos questionamentos também são maiores.
Jó orava diariamente e pedia perdão dos seus pecados e da família toda. Mas ainda assim, passou no que passou… e de aflição em aflição, de lágrima em lágrima e de dor em dor, foi passando para níveis gigantescos de fé, até hoje nos servir de referência obrigatória, nesta escola da fé e da perseverança.
Precisamos entender que nossas orações não são prescrições de como Deus deve agir, mas apenas meios para mostrar a nossa adoração, gratidão, fraquezas, propósitos e medos, baseado na graça, no amor e total confiança nos seus cuidados, em tudo. E mesmo que as respostas não aconteçam de acordo com os nosso desejos, nossa fé e perseverança não se abalam. Na verdade é exactamente neste ponto (quando as coisas não correrem bem) que começa a verdadeira fé e desafio de exercício de um nível de confiança independente das circunstâncias, uma fé que não está condicionada ao bem (conveniente) que recebemos de Deus.
É neste momento que faz sentido a crença de que Deus é bom em todos momentos. Conforme sugeriu o profeta Habacuque, “ainda que a figueira na floresça…” Hab. 3:17-18
Nos níveis mais evoluídos, na escola da fé, percebemos que a oração e, de forma geral o diálogo permanente com Deus, não são apenas para que as coisas dêem certo em nossa vida (segundo os nossos desejos), mas também, e acima de tudo, para que tudo termine bem e que o nome de Deus em tudo seja honrado e glorificado, ainda que não nos pareça assim no momento e a situação seja completamente desfavorável e desconfortável para nós (Mat. 26-39).
Nestes níveis superiores de fé e perseverança que Deus deseja nos levar, perceberemos que o mais importante é fazer a vontade de Deus e querer ficar cada vez mais próximo Dele, ainda que seja a dor que nos leva a alcançar este estado.
Deus quer que cresçamos na fé, que atinjamos níveis mais evoluídos de confiança e devoção no seu nome. O único caminho que leva até lá é a perseverança.
Graça e paz.