A adoração e o louvor são expressos, frequentemente, pelo uso de sentimentos, emoções, atitudes e comportamentos. A expressão e manifestação das emoções, bem como o controlo, é o que permite aos seres comunicar e relacionar-se com o mundo1. As emoções desencadeiam, naturalmente, reações que se manifestam de diferentes forma em vários níveis.
• Subjetivas – afectos;
• Fisiológicas – sudorese, dilatação das pupilas, alteração dos batimentos cardíacos, etc;
• Comportamentais – mudanças na voz, na postura, nos movimentos.
De acordo a psicologia, a emoção é uma experiência subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo.
A vida cristã comporta todas facetas da vida (é integral), e o culto a Deus representa uma manifestação responsiva do Seu povo, que envolve a emoção, à vontade e a razão. A gesticulação também é considerada uma das componentes importantes da expressão emocional. A dança, por exemplo, tem essa finalidade. Entretanto, a questão é: Pode haver dança no culto? E instrumentos musicais?
A ideia de encontro com Deus, de adoração, louvor, solenidade, alegria e serviço espiritual fez parte da vida dos Judeus, enquanto povo do Senhor. Sua experiência cúltica, possivelmente modelou o formato para o culto Cristão. No contexto onde cresceram Jesus e todos os apóstolos, havia leitura e pregação da Palavra, orações, cânticos e bênçãos. O maior problema reside no facto de haver um silêncio do Novo Testamento quanto ao assunto em questão. Isso não implica que o Novo Testamento o tenha proibido. Mas sim, que não tenha havido necessidade de levantá-lo naquele contexto. A questão é que durante muitos séculos, a liturgia Cristã foi modelada e adequada à cultura ocidental da idade média. Onde predominava uma ortodoxia fria e missas tristes.
Porém, biblicamente falando, além do Salmo 150, que é exaustivo e sela o livro de orações e cânticos, existem outros textos que corroboram neste assunto. Miriam dançou para e na presença de Deus (Êxodo 15.20-21). Ela era profetiza e para louvar a Deus pelo livramento, dançou com as outras mulheres dizendo: “Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”. Alguns afirmam que o que Miriam fez não é base para fazer o mesmo no culto cristão, pois o motivo era apenas por causa da libertação do Egipto. No entanto, Cristo é considerado o Cordeiro Pascal (1Coríntios 5:7) e, da mesma forma que Israel saiu do Egipto, os Cristãos foram libertos para Deus (1Coríntios 10:1-4). Portanto, é perfeitamente legítimo alegrar-se em Deus, dançando e louvando o Seu nome pela libertação do juízo de Deus em Cristo Jesus. Da mesma forma Davi dançou em pleno ritual de adoração (2Samuel 6:12-22) e que estava diante da arca de Deus. Reverência e respeito eram essenciais àqueles que se aproximavam dela. Não é à toa que ele sacrificava bois e carneiros em cada seis passos (v.13). Também, Davi trazia a estola sacerdotal demonstrando que era um momento sagrado e especial. No entanto, ele dançou com todas as suas forças diante do Senhor (v.21). Outro texto é o do profeta Jeremias 31.4; 11-13. Esse é mais claro e elimina qualquer dúvida se as danças são para o culto cristão: “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam”. Jeremias 31:11-13
Está claro que a dança é parte integrante da liturgia cristã. Todavia, é preciso admitir que existem muitos exageros. Algumas coreografias tiram o objectivo central que é enaltecer Cristo. No entanto, assim como existem coreografias exageradas, também existem pregações superficiais, com pouca base bíblica e heréticas; assim como existem também louvores que exaltam mais o grupo em si que o Cristo que cantam. Portanto, os exageros e desvios podem existir em todos os elementos do culto. As danças deveriam ser espontâneas no culto público, pois o apelo no Salmos150:4 é para todos.
Portanto, o povo de Deus é convidado a louvar a Deus com instrumentos de cordas e com danças.
Não existe qualquer base bíblica para evitar ou condenar a dança no culto.
Dançai para Cristo!
In: “O Tocoismo: heresia ou cristianismo autêntico?” 2019. Rev. Geraldo Manuel
Referências:
- Casanova, N., Sequeira, S, & Silva, V.M. (2009). EMOÇÕES. Trabalho desenvolvido no âmbito da disciplina “Psicologia Geral” do curso de Psicologia. [em linha] PSICOLOGIA.COM.PT. O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0132.pdf