Excelência Reverendíssima Dom Mário Cacuete – Bispo Nacional;
Excelência Reverendíssima Dom Jorge Alberto – Bispo Auxiliar;
Dignos Reverendos e Pastores;
Dignas Missionárias, Evangelistas, Diáconos e Diaconisas;
Distintos Representantes Provinciais;
Ilustres Convidados;
Amados Irmãos e Irmãs.
Antes de mais quero tributar honra e glória a Deus Pai que tornou este encontro possível, tendo guiado as delegações provenientes de diversas localidades do interior e do exterior do País, afim de fazerem parte nesta data memorável que marca os 70 ANOS DA NOSSA IGREJA.
Estamos jubilosos com a presença de todos que nos honram neste dia tão especial da História da Igreja – Deus seja louvado.
Queremos agradecer as Direcções Provinciais pelo envolvimento na criação de condições para a realização do evento.
Estendo os meus agradecimentos a todos, que de forma direta ou indireta envolveram-se, dando todo apoio necessário para que fosse possível concretizarmos este ato.
Dirijo uma palavra especial e de carinho, de agradecimentos e não só a todos os convidados que nos honram com a sua presença. Em nome da Igreja, o nosso muito obrigado.
Celebrar com Júbilo 70 Anos de uma caminhada na sempre na Aliança com Deus
Celebrar é mesmo que comemorar, engrandecer, notabilizar, celebrizar. Todas as palavras são de conteúdo fraco para expressarmos o que desejamos dizer a nosso Deus por meio desta celebração.
Deus é excelso, insondável, altíssimo, todo-poderoso, omnisciente, omnipotente, perfeito em santidade, amor e justiça, eterno e infinito. Como nós, seres humanos, poderíamos engrandecer Deus, se Deus é absoluto e perfeito em todos os seus atributos, se Ele transcende o universo, se Ele é o Criador e Sustentador de todas as coisas?
O que desejamos, ao usar a expressão “Celebrar Deus”, é fazer, e agir de modo a tornarmos conhecida a Sua glória, para que possamos entendê-lo, amá-lo, obedece-lo, servi-lo e adorá-lo de todo o nosso coração, manifestando ao mesmo tempo as maravilhas que nos tem sido reveladas em Jesus Cristo.
A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo completou Setenta anos da sua existência. Setenta anos de uma caminhada bastante iluminada, dirigida por um homem que explicou o caminho e ensinou-nos a dar os primeiros passos.
A Igreja desde cedo foi alcunhada de “Igreja Tocoísta”, ou a Igreja de Simão Toco, o nosso dirigente. E são chamados Tocoistas todos aqueles que seguem os passos de Simão Gonçalves Toco, a partir de 1949, quando a história assinalou a descida do Espírito Santo em África, em reposta ao pedido realizado 3 anos antes, na Conferência Missionária Internacional em Leopoldville (atual Kinshasa).
Descrever este longo percurso não é tarefa fácil, e não há aqui em nós pretensão de trazer um relato absoluto, mas sim apresentar alguns factos e reflexões a partir do ângulo de visão e do privilégio que tivemos de acompanhar e sermos também partícipes nesta jornada, testemunhar aquilo que nos foi possível absorver pelo contacto, pelo olhar, pela escuta, pela leitura, bem como através de outros relatos que completam esta narrativa.
Nesta data em que comemoramos mais um aniversário da relembrança da Igreja, não temos como não falar do seu fundador, aquele que Deus usou para relembrar a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, dando início o seu trabalho com gente humilde.
Foi com estes que formou as primeiras colunas da Igreja suportando os vendavais que partiam de todas as direções.
Com eles organizou o sistema de controlo eclesiástico formando o corpo dos primeiros Pastores para que fossem os continuadores da sua obra.
Durante 35 anos de duro sofrimento, mediante prisões, deportações, trabalhos forçados e muitas vezes traição por parte de seus seguidores, Simão Gonçalves Tôco, não deixou de cumprir a missão a ele designada por Deus.
A partir da Ilha Portuguesa dos Açores na condição de deportado escreveu cerca de 12.800 cartas de orientação, consolo e conforto espiritual para todos os fieis.
Constituiu e organizou as primeiras 5 turmas de jovens para estudos bíblico, chamados na altura de mancebos estudantes bíblico, formando os grupos A; B; C; D; E e F 40 membros em cada, num total de 240 jovens para daí resultar os futuros obreiros.
Orientou a criação de Redactores para organizar e melhorar a qualidade do sistema administrativo da Igreja.
Orientou a formação de Classes e Tribos em Luanda, e outros sistemas controle eclesiástico que se faziam necessários, para o funcionamento de uma Igreja sã, firme e forte.
Foram nomeados os primeiros representantes gerais da Juventude.
Através da carta de 16 de Maio de 1973, Simão Gonçalves Tôco apontou o sistema de governo que a Igreja adotaria com o evoluir do tempo.
Infelizmente, surge o 31 de Janeiro de 1984, em que fisicamente nos deixa e a Igreja entra na fase mais dolorosa da sua história.
Agora sem a presença do Líder Espiritual, a imagem física da Igreja se altera e manifestam-se os interesses dos que sempre ambicionaram o seu lugar e aproveitaram o momento para ensaiar diversas formas de o substituir.
Assim surgem gabinetes cercados de pastores atraídos por alguns tostões arrecadados dos membros.
Os mais atrevidos e sem qualquer escrúpulo, passam a denominar-se eles como “Simãos Tocos”.
Surgem no seio da Igreja vários grupos, todos reclamando autenticidade. Alguns agiam com atitudes subversivas, que obrigaram a intervenção das forças de Ordem do Estado, e por conta disso, muitos foram para São Nicolau e outras cadeias por insubordinação à Lei.
Em 1992, com a mudança do sistema político no país, de forma a apoiar e ajudar na resolução desses problemas, sensatamente o Governo através do Decreto Executivo nº14/92 de 10 de Abril, optou pelo reconhecimento das três Direcções principais a saber: Os 12 Mais Velhos; Os Anciãos Conselheiros da Direcção Central e As 18 Classes e 16 Tribos.
Houve uma quarta ala que também reclamou o seu direito à titularidade da Igreja, grupo na altura chamado “Prenda Palanca”, mas o Governo não reconheceu este grupo, pois as razões por ele evocadas não convenceram as autoridades.
A partir daí, a Igreja começa a reerguer-se e a viver momentos mais calmos ao mesmo tempo que começou a notar-se em cada grupo um esforço para reter o quanto pode recordar, dos ensinamentos recebidos do mestre ao longo do tempo em que, física e espiritualmente esteve entre nós.
Surpreendentemente no ano de 2.000, ainda no clima de cicatrização e recuperação dos ânimos provocados pela partida inesperada do Líder e pelos golpes sofridos pela separação, surge outro elemento que se diz revestido de Simão Gonçalves Toco. Este penetra na raiz da Igreja, a chamada Cúpula ou a Anciãos Conselheiros da Direcção Central, e apropria-se da Direcção substituindo o líder democraticamente eleito. Sagra-se Bispo, faz reformas a seu bel prazer. Tudo aquilo que era a essência do Tocoismo desaparece . Transforma a Igreja numa verdadeira empresa com parcerias duvidosas. Tudo se cala. Os profetas são abafados. Os pastores a troco de algumas cestas básicas, reconhecem-no como o Messias que esperavam. Instala-se assim a 4ª ala.
Estranhamente, esta quarta e nova ala, mesmo sem personalidade jurídica, consegue arrastar a opinião de certos círculos políticos, e com apoio destes, abre uma forte campanha no sentido de encerrar as já existentes para ficar apenas ela como Única Tocoista.
É nesse quadro que se realiza o Congresso Extraordinário da Igreja que teve lugar na cidade do Lubango de 21 a 23 de Junho 2001, do qual resultou as decisões seguintes.
- Reafirmar inalterável a estrutura de funcionamento da Igreja e a sua denominação, conforme aprovado pelo Governo da Republica de Angola, através do Decreto Executivo Nº14/92 de 10 de Abril.
- Manter a sede da Igreja em Luanda, capital da Republica de Angola.
- Reconhecer a todos os níveis o trabalho realizado pelo dirigente Simão Gonçalves Toco e seguir firmemente as linhas fundamentais de orientação traçada.
- Não reconhecer a encarnação de Simão Gonçalves Toco em ninguém, por ser anti-Bíblico e estranho aos princípios do tocoismo.
- Aplicar as reformas que a dinâmica do tempo exigir, sem ferir o principio Bíblico-Teológico que esteve na base da Relembrança da Igreja.
Para cumprimento destas decisões e porque grande parte dos já escassos quadros que a Igreja possuía, preferiu aderir as promessas do recém chegado, o Congresso decidiu nomear novos responsáveis em substituição de todos aqueles que voluntariamente decidiram abandonar as suas funções, indo atrás daquele que acreditavam ser o messias ou a encarnação de Simão Toco.
Este mesmo Congresso nomeou a frente dos destinos da Igreja o então Reverendo Osório Marcos.
É nesse quadro difícil que o Reverendo Osório Marcos é chamado para assumir os destinos da Igreja como Representante legal, sendo que paralelamente aos vários desafios e frentes de batalha espiritual, o recém representante definiu como prioridade as seguintes ações:
- A pregação da palavra de Deus aos fieis, garantindo assim o crescimento espiritual da Igreja.
- Estabelecer parcerias com Instituições Religiosas credíveis para formação Bíblia dos fieis de modo a não se deixarem cair no erro do fanatismo religioso na Igreja, raiz principal de todas as ruturas e cisões, pois só o conhecimento das Sagradas Escrituras dará capacidade de separar o religioso do profano, o certo do errado, a verdade da mentira. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. (João 8:32).”
- Incutir a todos os membros o espírito de unidade baseada no respeito a diferença numa Igreja já fragmentada.
- Trabalhar pela manutenção e conservação da legalidade da Igreja junto dos órgãos competentes.
Quando partimos para uma viagem longa onde nós não somos o motorista, piloto, ou guia principal, é comum relaxarmos, adormecermos ou apenas apreciar a paisagem de forma descomprometida porque confiamos no condutor, e podemos até ir de olhos vendados. Mas, quando no meio da viagem temos que assumir o comando, a coisa muda de figura. Tudo muda e somos obrigados a nos mantermos durante todo o percurso, com toda cautela, sabendo a clareza e certeza do objetivo da caminhada, ter domínio e prática de condução passada pelo mestre para que não sejamos desviados da caminhada traçada pelo mestre.
Desta forma conseguimos manter a trajetória e hoje estamos aqui para agradecer a Deus pela proteção e amparo em todos momentos desta caminhada e reafirmar a nossa firme decisão de continuar a jornada.
Apesar de o tocoismo apresentar muitos fragmentos, fruto de rumos diferentes surgidos , logo após que perdermos aquele que nos guiava, nada disto conseguiu desviar o nosso percurso.
É com orgulho, podemos dizer que somos a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo – Os Tocoistas, singular na forma e expressão Teológica, totalmente Africana no regozijo, no canto e na alegria, mas idêntica com as demais denominações Cristãs.
O inicio dos trabalhos foi cercado de dificuldades, amarguras e aflições. Alguns eram homens sem instrução, mas a sua consagração e dedicação sem reservas, permitiu-lhes alcançar o preparo necessário e receberam a celeste unção para a grande obra a eles confiada.
A fraqueza e o desânimo não encontravam lugar em seus corações. A consciência da responsabilidade que repousava sobre eles, enriquecia-lhes a vida cristã; e a graça celeste revelava-se em todas conquistas obtidas. A força do Espírito Santo operava neles para tornar o evangelho triunfante.
Tiveram que lutar contra o fanatismo, o obscurantismo, o preconceito e o ódio dos que procuravam a todo custo destruir os alicerces. O inimigo tudo fez para travar o avanço da obra confiada aos edificadores.
Perante prisões e torturas, os fiéis prosseguiram na obra; e a estrutura cresceu bela e simétrica.
Fomos convocados para um trabalho de esperança e fé, por isso chamamos atenção para o texto registado no livro de Números 13:25-33, onde encontramos um povo (o povo de Israel) que, mesmo tendo já provado o poder de Deus, durante a jornada alguns deles ao serem enviados para espiar a terra da promessa, puderam deslumbrar e confirmar a promessa de Deus para com eles, mas temeram os gigantes que lá encontraram.
Ao olharmos para nós, Israel de hoje, não somos muito diferentes daquele povo. Temos provado a cada dia o amor de Deus, da sua proteção e provisão em todas as situações de nossas vidas, porém muitas vezes, passamos mais tempo olhando para os problemas que nos assustam, que arrefecem os nossos ânimos e muitas vezes nos deixam apavorados e desanimados. Muitas vezes as “gigantes” barreiras nos impedem, de ver as bênçãos que Deus prodigamente tem derramado sobre nós, nas nossas famílias, nos nossos trabalhos.
Jesus Cristo nos dá garantia de uma vida vitoriosa e para isso é necessário que na nossa jornada olhemos também para trás e vejamos quanto Deus já fez por nós.
E olhemos para frente, para que tenhamos a certeza de que com Jesus podemos vencer todos os obstáculos que se formarem como barreiras na nossa jornada. Devemos continuar nossa jornada sem temores. Este é o tempo oportuno para a obra de Deus.
Os problemas sociais crescem em grandes proporções, o prazer da carne tem sobrepujado o espírito, e vidas têm sido destruídas pelos diversos vícios que enfermam a sociedade.
Os padrões morais estão se perdendo a cada dia que passa. Homens e mulheres procuram soluções imediatas nas congregações que oferecem milagres, quando na verdade, a solução é só uma. “Deus”.
Portanto obedeçamos o imperativo do Mestre que disse: Ide e Pregai.
Para tal, o Instituto Teológico Simão Gonçalves Tôco, órgão responsável pela formação de obreiros, assinou em 2005 o protocolo de parceria com a prestigiada Faculdade Teológica Brasileira, a FACTEL, com objectivo de capacitar obreiros do Básico ao Superior. O referido Instituto apesar de alguma dificuldade, já apresentou à Igreja mais de 50 Teólogos, nos diversos níveis.
No quadro de conquistas, foram abertas Três Missões Tocoistas, sendo a 1ª na localidade de Camulemba, Município de Matala, Província da Huila, a 2ª na localidade do Waba – Município de Caconda, Província da Huila e a 3ª na localidade do Alto Niva, município da Catumbela, província de Benguela e aberta também uma Casa de Oração no Santuário do Jau, Município da Humpata, Província da Huila.
A Igreja realiza em todo espaço nacional diversas Ações de Carácter Social, fora dos focos da televisão ou da rádio, actividades direcionadas principalmente aos órfãos, viúvas e viúvos, aos idosos e carentes.
O programa de alfabetização tem merecido especial atenção da Igreja e o funcionamento de postos de saúde tem sido um facto, o que faz a Igreja ser um parceiro indispensável do Estado.
Foram consagrados mais de 100 pastores, distribuídos por toda extensão do território nacional, alguns em substituição dos que abdicaram em face do fenómeno de cisões, outros para cobrir a necessidade pastoral que o desenvolvimento da igreja foi requerendo.
Em termos de dados numéricos, a Igreja controla atualmente cerca de 78 Igrejas, sem contar todas Paróquias e Sucursais, num total de cerca de 121.430 membros em toda extensão territorial da Igreja. Conta com 3 Bispos, 25 Reverendos, 112 Pastores, 4 Missionárias, 12 Evangelistas, 45 Diáconos e 28 Diaconisas.
A Evangelização, continua em crescimento, ganhando espaços jamais antes atingidos.
Apesar das distintas parcelas em que a Igreja se encontra, temos a consciência de que o Tocoismo é só um, e orgulha-nos fazer parte desta grande família, e nós Anciãos Conselheiros da Direcção Central temos procurado com humildade fazer a nossa parte.
No quadro Ecuménico a liderança da Igreja está inserida em diversas Organizações e Instituições Cristãs Nacionais e Internacionais com idoneidade reconhecida, como é o caso da OPEA – Ordem dos Pastores Evangélicos de Angola e da OMEBE – Ordem dos Ministros Evangélidos no Brasil e no Exterior, sendo nesta última representada em Angola e no continente Africano por Dom Osório Marcos – Bispo Primaz desta Igreja.
Geração vem, geração vai e o Tocoísmo vai continuar. A Igreja e Cristo contam com o trabalho de todos; e será ainda melhor, se estivermos mais consagrados ao Senhor, seguindo o conselho do Apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios 5:15-18.
Durante 5 dias estaremos aqui para agradecer e louvar a Deus nas variadas formas de adoração.
Que a paz e a harmonia reine e que as nossas mentes sejam iluminadas pelo poder do Espírito Santo para que esta celebração seja frutuosa e coroada de êxitos e Bênção de Deus, em Nome do Pai, Filho e do Espírito Santo.
Declaro Aberta as Cerimónias de Celebração dos 70 anos Caminhando com Deus.